Tabela de Conteúdo
- Introdução: Por que a prematuridade neonatal é um desafio global?
- Prematuridade neonatal: conceitos e classificação
- Epidemiologia da prematuridade neonatal no mundo
- Prematuridade neonatal no Brasil: dados e tendências
- Principais fatores de risco para prematuridade neonatal
- Impactos da prematuridade neonatal na saúde pública
- Desafios e oportunidades para prevenção e cuidado
- Conclusão: O futuro da prematuridade neonatal
- FAQ: Perguntas frequentes sobre prematuridade neonatal
Introdução: Por que a prematuridade neonatal é um desafio global?
A prematuridade neonatal é um dos maiores desafios da saúde pública contemporânea. Estima-se que 13,4 milhões de bebês nasceram prematuros em 2020, representando cerca de 10% de todos os nascimentos no mundo (Ohuma et al., 2023; Bradley et al., 2025; Liang et al., 2024). As complicações do parto prematuro são a principal causa de mortalidade neonatal e uma das principais causas de morte em crianças menores de cinco anos (Liang et al., 2024; Bradley et al., 2025; Lee et al., 2019). Além disso, a prematuridade está associada a sequelas de longo prazo, sobrecarregando famílias, sistemas de saúde e a sociedade.
Prematuridade neonatal: conceitos e classificação
Prematuridade neonatal é definida como o nascimento antes de 37 semanas completas de gestação (Lee et al., 2019; Leal et al., 2016). Pode ser classificada em:
- Extrema: <28 semanas
- Grave: 28–31 semanas
- Moderada a tardia: 32–36 semanas
A maioria dos prematuros nasce entre 32 e 36 semanas, mas os riscos de mortalidade e morbidade são maiores quanto menor a idade gestacional (Leal et al., 2016; Tsang et al., 2025). A prematuridade pode ser espontânea (trabalho de parto prematuro ou ruptura prematura de membranas) ou induzida por indicação médica, muitas vezes relacionada a complicações maternas ou fetais (Leal et al., 2016; De Oliveira et al., 2015).
Epidemiologia da prematuridade neonatal no mundo
Apesar de avanços em cuidados perinatais, a taxa global de prematuridade neonatal permanece estável há mais de uma década, em torno de 9,9% dos nascimentos (Ohuma et al., 2023; Bradley et al., 2025; Liang et al., 2024). O número absoluto de prematuros segue alto devido ao crescimento populacional, especialmente em regiões de baixa e média renda (Liang et al., 2024; Ohuma et al., 2023).
- África Subsaariana e Sul da Ásia concentram 65% dos nascimentos prematuros globais (Ohuma et al., 2023; Liang et al., 2024).
- Países como Índia, Nigéria e Paquistão lideram em números absolutos de prematuros e mortes associadas (Liang et al., 2024).
- Em países de alta renda, a prematuridade está mais relacionada a intervenções obstétricas e idade materna avançada (Leal et al., 2016; Ferrero et al., 2016).
“A prematuridade neonatal é o principal fator de risco para mortalidade infantil, com impacto que se estende por toda a vida.” (Leal et al., 2016; Liang et al., 2024)
Figura 1. Estimativa das taxas e números de nascimentos prematuros em nível nacional em 2020.

Fonte: World Health Organization; Partnership for Maternal, Newborn & Child Health; March of Dimes; Save the Children. (2012). Born Too Soon: The Global Action Report on Preterm Birth (ISBN 978‑92‑4‑150343‑3). Geneva: World Health Organization.
Prematuridade neonatal no Brasil: dados e tendências
O Brasil está entre os dez países com maior número absoluto de nascimentos prematuros (De Oliveira et al., 2015; Leal et al., 2016). A taxa nacional gira em torno de 11,5%, com tendência de aumento nas últimas décadas, especialmente de prematuros moderados (32–36 semanas) (De Oliveira et al., 2015; Leal et al., 2016). Fatores como aumento de cesarianas, múltiplas gestações e intervenções obstétricas contribuem para esse cenário (Leal et al., 2016; De Oliveira et al., 2015).
Estudos regionais mostram variações importantes: cidades do Sul e Sudeste apresentam taxas próximas à média nacional, enquanto regiões Norte e Nordeste podem ter taxas ainda mais elevadas, refletindo desigualdades no acesso e qualidade do pré-natal (De Oliveira et al., 2015; Barreto et al., 2024).
Principais fatores de risco para prematuridade neonatal
A epidemiologia da prematuridade neonatal revela múltiplos fatores de risco, que variam conforme o contexto socioeconômico e o perfil materno:
- Idade materna <20 anos ou >35 anos (Leal et al., 2016; Adugna, 2022; Mboya et al., 2021)
- Baixa escolaridade e renda (Leal et al., 2016; De Oliveira et al., 2015; Mboya et al., 2021)
- Histórico de parto prematuro anterior (Leal et al., 2016; Ferrero et al., 2016)
- Gestação múltipla (Leal et al., 2016; De Oliveira et al., 2015)
- Complicações maternas: hipertensão, pré-eclâmpsia, diabetes, infecções (Leal et al., 2016; Adugna, 2022; Mboya et al., 2021)
- Assistência pré-natal inadequada (Leal et al., 2016; De Oliveira et al., 2015; Barreto et al., 2024)
- Tabagismo, uso de drogas e exposição a calor extremo (Lakhoo et al., 2024; Chersich et al., 2020)
- Fatores ambientais e climáticos: exposição a altas temperaturas aumenta o risco de prematuridade (Lakhoo et al., 2024; Chersich et al., 2020)
Curiosamente, em países de alta renda, mais de 60% dos partos prematuros não têm causa claramente identificada, sugerindo a necessidade de mais pesquisas sobre mecanismos biológicos e sociais (Ferrero et al., 2016).
Tabela: Principais fatores de risco para prematuridade neonatal
| Fator de risco | Impacto/RR* | Citações |
|---|---|---|
| Idade materna <20 anos | RR 1,4–7,8 | (Leal et al., 2016; Adugna, 2022; Mboya et al., 2021) |
| Pré-eclâmpsia/hipertensão | RR 2,7–5,0 | (Leal et al., 2016; Adugna, 2022; Mboya et al., 2021) |
| Gestação múltipla | RR 16,4–20,3 | (Leal et al., 2016; De Oliveira et al., 2015) |
| Assistência pré-natal inadequada | RR 1,7–2,8 | (Leal et al., 2016; De Oliveira et al., 2015; Barreto et al., 2024) |
| Exposição ao calor extremo | OR 1,04–1,26 | (Lakhoo et al., 2024; Chersich et al., 2020) |
*RR: risco relativo; OR: odds ratio
Impactos da prematuridade neonatal na saúde pública
A prematuridade neonatal é a principal causa de mortalidade neonatal e a segunda de mortalidade em menores de cinco anos (Liang et al., 2024; Bradley et al., 2025; Lee et al., 2019). Complicações incluem:
- Síndrome do desconforto respiratório
- Hemorragia intracraniana
- Infecções graves
- Retinopatia da prematuridade
- Paralisia cerebral e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (Leal et al., 2016; Ashorn et al., 2023; Tsang et al., 2025)Além do impacto imediato, prematuros têm maior risco de doenças crônicas na vida adulta, como hipertensão, diabetes e doenças pulmonares (Leal et al., 2016; Tsang et al., 2025). O custo social e econômico é elevado, exigindo investimentos em UTI neonatal, reabilitação e acompanhamento multidisciplinar (Ashorn et al., 2023; Tsang et al., 2025).

Desafios e oportunidades para prevenção e cuidado
Apesar de avanços, a redução da prematuridade neonatal exige ações integradas:
- Fortalecimento do pré-natal: rastreamento e manejo de fatores de risco (Leal et al., 2016; De Oliveira et al., 2015; Barreto et al., 2024)
- Redução de cesarianas desnecessárias (Leal et al., 2016; De Oliveira et al., 2015)
- Atenção especial a adolescentes, gestantes de alto risco e populações vulneráveis (Leal et al., 2016; Adugna, 2022; Mboya et al., 2021)
- Monitoramento climático e intervenções em períodos de calor extremo (Lakhoo et al., 2024; Chersich et al., 2020)
- Aprimoramento dos sistemas de informação e vigilância epidemiológica (Bradley et al., 2025; Ohuma et al., 2023)
A literatura destaca a importância de políticas públicas baseadas em dados locais e na equidade, além do investimento em pesquisa para elucidar causas ainda desconhecidas da prematuridade (Ferrero et al., 2016; Bradley et al., 2025).
Figura 2. Tendências no número anual de partos prematuros por região dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, 2010–2020

Fonte: World Health Organization; Partnership for Maternal, Newborn & Child Health; March of Dimes; Save the Children. (2012). Born Too Soon: The Global Action Report on Preterm Birth (ISBN 978‑92‑4‑150343‑3). Geneva: World Health Organization.
Conclusão: O futuro da prematuridade neonatal
A prematuridade neonatal é um desafio persistente e multifacetado, que reflete desigualdades sociais, limitações do sistema de saúde e lacunas no conhecimento científico. Como transformar dados em ações efetivas e equitativas? O futuro da saúde neonatal depende de inovação, políticas integradas e compromisso coletivo. Estamos prontos para enfrentar esse desafio e garantir um começo de vida mais saudável para todos?
FAQ: Perguntas frequentes sobre prematuridade neonatal
1. O que é prematuridade neonatal?
É o nascimento antes de 37 semanas completas de gestação (Lee et al., 2019; Leal et al., 2016).
2. Quais são as principais causas da prematuridade neonatal?
Fatores maternos (idade, doenças, infecções), gestação múltipla, assistência pré-natal inadequada e fatores ambientais (Leal et al., 2016; Adugna, 2022; Lakhoo et al., 2024; Chersich et al., 2020).
3. Qual a taxa global de prematuridade neonatal?
Cerca de 9,9% dos nascimentos em 2020, sem redução significativa na última década (Ohuma et al., 2023; Bradley et al., 2025; Liang et al., 2024).
4. Quais as consequências para o bebê prematuro?
Maior risco de mortalidade, complicações respiratórias, neurológicas e atraso no desenvolvimento (Leal et al., 2016; Ashorn et al., 2023; Tsang et al., 2025).
5. Prematuridade neonatal pode ser prevenida?
Parte dos casos pode ser prevenida com pré-natal de qualidade, controle de doenças maternas e redução de cesarianas desnecessárias (Leal et al., 2016; De Oliveira et al., 2015; Barreto et al., 2024).
6. O calor extremo aumenta o risco de prematuridade?
Sim, estudos mostram aumento do risco durante ondas de calor (Lakhoo et al., 2024; Chersich et al., 2020).
7. O que é prematuridade espontânea e induzida?
Espontânea ocorre por trabalho de parto prematuro; induzida por indicação médica devido a riscos maternos ou fetais (Leal et al., 2016; De Oliveira et al., 2015).
8. Como a prematuridade neonatal impacta a saúde pública?
É a principal causa de mortalidade neonatal e gera custos elevados para o sistema de saúde (Liang et al., 2024; Bradley et al., 2025; Ashorn et al., 2023).
9. Quais políticas são eficazes para reduzir a prematuridade?
Fortalecimento do pré-natal, vigilância epidemiológica, redução de desigualdades e pesquisa sobre causas ainda desconhecidas (Leal et al., 2016; Bradley et al., 2025; Ferrero et al., 2016).
10. Onde encontrar dados confiáveis sobre prematuridade neonatal?
Fontes como Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde, March of Dimes e artigos científicos recentes (Liang et al., 2024; Bradley et al., 2025; Ohuma et al., 2023).
E você, acredita que a redução da prematuridade neonatal é possível no Brasil? O que falta para transformar conhecimento em resultados concretos e equitativos?
Referências
Liang, X., Lyu, Y., Li, J., Li, Y., & Chi, C. (2024). Global, regional, and national burden of preterm birth, 1990–2021: a systematic analysis from the global burden of disease study 2021. eClinicalMedicine, 76. https://doi.org/10.1016/j.eclinm.2024.102840
Leal, M., Esteves-Pereira, A., Nakamura‐Pereira, M., Torres, J., Theme-Filha, M., Domingues, R., Dias, M., Moreira, M., & Gama, S. (2016). Prevalence and risk factors related to preterm birth in Brazil. Reproductive Health, 13. https://doi.org/10.1186/s12978-016-0230-0
Adugna, D. (2022). Prevalence and associated risk factors of preterm birth among neonates in referral hospitals of Amhara Region, Ethiopia. PLOS ONE, 17. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0276793
De Oliveira, R., Melo, E., Falavina, L., & Mathias, T. (2015). The Growing Trend of Moderate Preterm Births: An Ecological Study in One Region of Brazil. PLoS ONE, 10. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0141852
Ashorn, P., Ashorn, U., Muthiani, Y., Aboubaker, S., Askari, S., Bahl, R., Black, R., Dalmiya, N., Duggan, C., Hofmeyr, G., Kennedy, S., Klein, N., Lawn, J., Shiffman, J., Simon, J., Temmerman, M., Okwaraji, Y., Krasevec, J., Bradley, E., Conkle, J., Stevens, G., Gatica, G., Ohuma, E., Coffey, C., Dominguez, D., Blencowe, H., Kimathi, B., Moller, A., Lewin, A., Hussain-Alkhateeb, L., Lawn, J., Borghi, E., & Hayashi, C. (2023). Small vulnerable newborns—big potential for impact. The Lancet, 401, 1692-1706. https://doi.org/10.1016/s0140-6736(23)00354-9
Bradley, E., Blencowe, H., Moller, A., Okwaraji, Y., Sadler, F., Gruending, A., Moran, A., Requejo, J., Ohuma, E., & Lawn, J. (2025). Born too soon: global epidemiology of preterm birth and drivers for change. Reproductive Health, 22. https://doi.org/10.1186/s12978-025-02033-x
Barreto, M., Manso, M., Barreto, R., Barreto, R., De Vasconcelos, L., & Silva, C. (2024). Frequency and Risk Factors Associated with Prematurity: A Cohort Study in a Neonatal Intensive Care Unit. Journal of Clinical Medicine, 13. https://doi.org/10.3390/jcm13154437
Ohuma, E., Moller, A., Bradley, E., Chakwera, S., Hussain-Alkhateeb, L., Lewin, A., Okwaraji, Y., Mahanani, W., Johansson, E., Lavin, T., Fernandez, D., Domínguez, G., Costa, A., Cresswell, J., Krasevec, J., Lawn, J., Blencowe, H., Requejo, J., & Moran, A. (2023). National, regional, and global estimates of preterm birth in 2020, with trends from 2010: a systematic analysis. The Lancet, 402, 1261-1271. https://doi.org/10.1016/s0140-6736(23)00878-4
Lee, A., Blencowe, H., & Lawn, J. (2019). Small babies, big numbers: global estimates of preterm birth.. The Lancet. Global health, 7 1, e2-e3. https://doi.org/10.1016/s2214-109x(18)30484-4
Lakhoo, D., Brink, N., Radebe, L., Craig, M., Pham, M., Haghighi, M., Wise, A., Solarin, I., Luchters, S., Maimela, G., & Chersich, M. (2024). A systematic review and meta-analysis of heat exposure impacts on maternal, fetal and neonatal health. Nature Medicine, 31, 684 – 694. https://doi.org/10.1038/s41591-024-03395-8
Ferrero, D., Larson, J., Jacobsson, B., Di Renzo, G., Norman, J., Martin, J., D’Alton, M., Castelazo, E., Howson, C., Sengpiel, V., Bottai, M., Mayo, J., Shaw, G., Verdenik, I., Tul, N., Velebil, P., Cairns-Smith, S., Rushwan, H., Arulkumaran, S., Howse, J., & Simpson, J. (2016). Cross-Country Individual Participant Analysis of 4.1 Million Singleton Births in 5 Countries with Very High Human Development Index Confirms Known Associations but Provides No Biologic Explanation for 2/3 of All Preterm Births. PLoS ONE, 11. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0162506
Tsang, K., Tramper-Stranders, G., Been, J., Hoffmann-Haringsma, A., Reiss, I., Pijnenburg, M., & De Kleer, I. (2025). Moderate-to-late prematurity: understanding respiratory consequences and modifiable risk factors. European Respiratory Review, 34. https://doi.org/10.1183/16000617.0267-2024
Chersich, M., Pham, M., Areal, A., Haghighi, M., Manyuchi, A., Swift, C., Wernecke, B., Robinson, M., Hetem, R., Boeckmann, M., & Hajat, S. (2020). Associations between high temperatures in pregnancy and risk of preterm birth, low birth weight, and stillbirths: systematic review and meta-analysis. The BMJ, 371. https://doi.org/10.1136/bmj.m3811
Mboya, I., Mahande, M., Obure, J., & Mwambi, H. (2021). Predictors of singleton preterm birth using multinomial regression models accounting for missing data: A birth registry-based cohort study in northern Tanzania. PLoS ONE, 16. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0249411
These papers were sourced and synthesized using Consensus, an AI-powered search engine for research. Try it at https://consensus.app






